Certa manhã, um professor acordou chorando. Ele havia tido um sonho especial, muito diferente de qualquer outro sonho que já teve.
No sonho, esse professor começou a dar aulas para uma classe, e nessa classe havia um garoto deficiente, totalmente cego das duas vistas. Era um garoto franzino, de cabelos lisos, franja reta. Vivia de olhos fechados e, quando falava, ameaçava-os abrir. Nesses momentos, era perceptível o globo ocular se movendo pra lá e pra cá. Usava uma bengala prateada, que fazia as vezes dos olhos, detectando os obstáculos em seu caminho.
A simpatia entre ambos surgiu instantaneamente, e a cada dia que se passava um forte laço de Mestre e Discípulo ia se concretizando.
Certo dia, durante a aula, a escola foi assolada por um forte terremoto. Houve um pânico generalizado, e o professor, tentando se abrigar debaixo de uma mesa, repentinamente sentiu alguém tocando-lhe o ombro. Ao olhar para cima, viu o garoto cego, totalmente desesperado. Nesse momento, o professor o segurou pelas mãos, puxando-o para baixo e abrigando-o com seu próprio corpo. O menino, nesse momento, moveu seu pescoço, como que olhando para a face do professor. Ele sorria, aliviado, como se naquele momento todos os problemas do mundo tivessem se acabado. Ali, abrigado junto ao professor, ele sentia uma segurança incomum.
Passado o episódio, os pais desse aluno compareceram à escola e agradeceram imensamente o que o professor havia feito. O professor, meio sem jeito, explicou que não havia feito nada. Explicou ainda que, naquele momento em que o menino lhe sorriu, sentiu como se o menino o estivesse protegendo, e não o contrário.
O professor, depois do ocorrido, tornou-se um grande amigo da família do garoto, frequentando sua casa tão regularmente que foi convidado a ir à praia, em uma viagem familiar.
Estavam na beira do mar o professor, o pai do garoto e o garoto. Este usava uma bengala especial para a areia, e estava se divertindo ao tocar com a mesma algumas pedras que faziam parte do ambiente onírico. Em um dado momento, o garoto começou a se aproximar da água, sob os olhares supervisionadores do pai e do professor. Quando a água, gélida, tocou-lhe os pés, deu um saltito de susto, sorrindo logo em seguida. A sensação de liberdade ao sentir a água nos pés e a brisa marítima tocando-lhe o peito e lhe invadindo as narinas o incentivou a seguir adiante, avançando mar adentro.
O pai, já preocupado, esboçou um rompimento de marcha a fim de trazer o garoto de volta. E assim o teria feito, se não houvesse sido interceptado por um simples gesto do professor, o qual ergueu a mão direita e rompeu marcha atrás do menino, como que dizendo: “Deixe-o, eu cuido dele”.
O menino, sem saber que estava sendo seguido pelo seu querido professor, ia cada vez mais e mais fundo. Repentinamente, o garoto caiu em um buraco, vindo a afundar. Ao emergir novamente, para o espanto de todos, gritou: “PROFESSOR!”. O professor, que estava logo atrás dele, saltou em sua direção e o segurou no colo, dizendo: “Não se preocupe! Eu estarei sempre ao seu lado!”
E assim acordou o professor de seu sonho, sentindo naquela manhã um incondicional, inexplicável e absoluto amor por todos os seres humanos.
quarta-feira, 13 de maio de 2009
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Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirLinda História!!!
ResponderExcluirÉ de sua autoria Sensei?